quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A Nova Isis


Eu não cobiço nada de teu.

Eu não me busco em Ti.

Os mundos que eu crio não os crio para ti.
Meus braços não são abrigo para teu descanso.
Meu leito perfumado não foi feito para restaurar nem apascentar.

Tu sabes, Amado
Não busco fogos extintos em brasas mornas.
Tu sabes, Amado
Agora estamos inteiros.

As partes dissecadas se reuniram.
Ah! Os sonhos mutilados cicatrizaram tão bem!
Nossa carne – dez mil vezes dissecada e espalhada aos quatro ventos
Se renovou.

Nosso sangue - incontáveis vezes coagulado e putrefeito –
Agora corre livre e novo pelas nossas veias.
Não há nada aí fora para mim.
Tudo pulsa e vibra e ressoa em Nós.

Nossos cômodos não têm janelas nem portas.
Aqui não se sabe o significado de trancas e grilhões.
Todas as feras são livres.
Toda escuridão é bem-amada.
O riso, o puro riso de gozo, escorrega por tudo o que é plano
E dança feliz através do que é abrupto.
Todo sentimento retorcido vale uma canção.

O prazer infinito ribomba pela abóboda gigantesca e aconchegante do Ser.
Como cobiçar algo de ti, se essa simplicidade é todo o necessário?
Não fuja de ti mesmo.... Afinal, para onde podes ir além de para ti mesmo?

Sem mais partes espalhadas e pontas soltas, enfim podemos nos amar em glória.

J’adhamn – Primavera de 2015

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