Funcionário e sua família - Debret - Século XIX |
Os
contratos familiares são uma espécie de “códigos” situados no mais profundo de
nossas mentes, em forma de crenças e todo tipo de inibições que paralisam.
Marianne
Costa conta que em determinado momento de sua vida escreveu num papel de
pergaminho: “sou una fracassada”; depois, assinou-o com uma gota de seu sangue
e o queimou. No lugar em que fez isso, plantou uma flor e começou a desenhar
sua realidade liberada dessa maldição (É um ato 'psicomágico', onde nos
liberamos desses códigos que recebemos de nossa família).
Um
contrato é um acordo entre duas partes que se comprometem a dar algo e a receber
algo em troca. Mas nem todos os contratos estão no papel, nem sequer são
verbalizados ou tampouco estão no plano da consciência. Mais ainda, como no
caso do nome, há contratos que aceitamos em desigualdade de condições, porque se
'selam' na mais tenra infância e a criança intui que o seu não cumprimento implica não
ser querido, o que significa a morte.
Nosso cérebro mais primitivo nos dita a
ordem de obedecer quando a ameaça é ser expulso do clã.
Estes
contratos podem afetar nossos quatro egos:
Exemplos de contratos intelectuais:
Muitas das crenças que carregamos são contratos que mantemos com nossa árvore genealógica, ideias que nos transmitiram desde nossos bisavós e que não podemos questionar (Devemos nos desfazer de qualquer crença que não seja bela e útil para nós mesmos).
Exemplos de contratos intelectuais:
Muitas das crenças que carregamos são contratos que mantemos com nossa árvore genealógica, ideias que nos transmitiram desde nossos bisavós e que não podemos questionar (Devemos nos desfazer de qualquer crença que não seja bela e útil para nós mesmos).
a) “Você
será advogado como os homens prósperos dessa família" - Em árvores
genealógicas onde o artista é
considerado um morto de fome, e que realmente não pode fazer mais nada).
b) “Nessa
casa se fala a língua cristã" - Não me venha com ideia de estudar idiomas
... você só tem que falar uma língua: a materna.
c) “Você
é desajeitado como sua mãe” - Uma profecia que atua como maldição e acaba se
cumprindo.
d) “Na
vida temos que deixar as coisas da forma como as encontramos" - Sinal de
que a árvore parou de crescer e se desenvolver.
e) “Um
filho nunca deve superar seu pai” - Uma loucura absoluta que se conecta com a
neurose do fracasso.
Os
contratos intelectuais são como as “ideias irracionais” descritas por Albert
Ellis, raízes de nossas emoções perturbadas e comportamentos desajustados. A
psicogenealogia apresenta sua famosa e em muitos casos efetiva RET (Terapia
Racional Emotiva), no sentido de que a família configura um esquema de crenças
tóxicas que adotamos por lealdade e que se movem em quatro eixos
fundamentais.
1) Se você
não tem o que precisa, morre (“Se meu noivo me deixar, eu morro”). A herança
tóxica é confundir necessidade com desejo. Se não comer, talvez morra, mas se
quer um noivo e não o tem, prossegue-se vivendo…
2) Isto é
terrível (“É terrível que eu tenha que cancelar minhas férias”). Excesso de
autojulgamento. Não há, de fato, nada categoricamente mau o bom. Há fatos que
nos causam maior ou menor dor. Se classificarmos os fatos dolorosos numa escala
de 1 a 10 e no 10 colocamos a morte de um ser querido, que valor daremos ao
cancelamento das férias?
3) Não
suporto (“Não suporto a solidão”). Há situações que matam, insuportáveis. Crer
que algo seja o limite entre a vida e a morte nos faz sentir agonizantes cada
vez que isso acontece. Isso nos leva a preferir uma desastrosa relação amorosa
à solidão, já que a solidão está proibida pela árvore, porque significa se
aproximar da morte.
4) Se
acontece algo desagradável, há um culpado e ele precisa ser condenado. A família
nos ensina a julgar e buscar culpados em quem descarregar a responsabilidade do
que aconteça, ou a culpar-nos a nós mesmos. Os acontecimentos são uma
confluência de fatores, nada tem uma causa única. Se nos sentimos culpados por
algo, o melhor remédio é uma fórmula com três elementos: aceitação, reparação e
aprendizagem do acontecido, para evitar a possibilidade de repetir o mesmo erro
no futuro.
Exemplos
de contratos emocionais:
Costumam
surgir em formato de inibições emocionais. Muito associados aos níveis de
consciência infantis…
a) "Não
cresça" - "Quando ficar maior, um dia vai abandonar seus pais".
Esta ordem vai mantê-lo na idade emocional de 10 anos para o resto de sua vida.
b) "Nós
torcemos pelo Madrid" - A partir do seu primeiro mês de vida, a criança já
é membro de um clube de futebol. Quando crescer, não terá escolha, senão gostar de futebol e se não torcer para o Madrid, será considerado um traidor ou um doente.
c) “Não
seja estúpido, não arranje namorada” - Fique com a mamãe ... ela não te trairá.
e) "O
casamento é para toda a vida" - Ninguém jamais se divorciou nesta família, nós
somos muito religiosos.
Os
contratos emocionais nos ligam fortemente ao passado e fomentam relações
baseadas na dependência emocional. Dissolver estes contratos é abrir afinal a
porta da liberdade de amar, num nível de consciência superior.
Exemplos
de contratos da libido:
Aqui
estão todas as inibições sexuais e criativas
a) “Teatro-música-pintura
são perda de tempo” - É como dizer que você não deve dedicar-se a coisas que
não são rentáveis …
b) "Essa
relação não combina com você" - Podemos perguntar: quem realmente não
combina com você?
c) "Você
vai se casar aos 25 anos e 26 terá sua única filha" - Este poderia ser um
contrato inconsciente que se repete de geração em geração. Um projeto que
árvore nós dá.
d)"A
mulher que expressa desejo sexual é vagabunda” - Se o sexo da mulher é apenas
um instrumento de procriação, se deve proibi-la de ter prazer com sua energia
da libido e, finalmente, com a criação e a vida.
A
proibição da homossexualidade e das
práticas sexuais que não existem no diretório da árvore, são também contratos,
cuja violação nos bloqueiam a libido ou nos fazem sentir culpados e
merecedores de punição se não "sairmos ao molde".
Exemplos
de contratos mate riais:
Inibições econômicas. Precisamos encontrar as características que nos afastem da violência, medo e culpa...
Inibições econômicas. Precisamos encontrar as características que nos afastem da violência, medo e culpa...
a) “Você
é idêntico ao seu avô” - E assim um dos
ancestrais toma posse do filho.
b) “Não aperte
os botões, pois vai quebrá-los” - Quando não o deixam tocar em nada é porque
você não tem espaço.
c) "O
dinheiro é pecado" - Se acreditamos que o dinheiro é sujo, quando o
ganhamos isso gera uma grande quantidade culpa.
d) "Quem
se arrisca não petisca", "Mais vale um pássaro na mão que dois
voando", "Mais vale o mal conhecido que o bem por conhecer" ... Abandonar
território conhecido é uma deslealdade imperdoável e temos um medo ancestral em
não ser readmitido no clã.
Tudo
isso nos exorta a nos acomodarmos com um parceiro que já não contribui em nada, um
trabalho insatisfatório, uma casa que não é um lar e também a um banco, um grupo de
amigos, etc. Instalados num território para sempre, porque fomos ensinados que
correr riscos é perder tudo, ao invés de sermos encorajados a seguir nossos
desejos como um tão sábio de caminho de transformação.
Os contratos se cumprem por lealdade, mas também por medo das conseqüências. Digamos que haja
um medo de punição, de que essas previsões (maldições) se realizem: "Se se
divorciar, você ficar mal vista", "Se você se tornar um artista, viverá
na pobreza". Um ato psicomágico para curar esse tipo de medo do fracasso
embutido pelos pais, consiste na representar estas previsões, metaforicamente, diante deles.
Alejandro
Jodorowsky nos diz em suas 10 receitas para a felicidade, "não há maior
alívio do que começar a ser o que você realmente é. Desde a infância, nos impõem
destinos alheios. Vale lembrar que não estamos no mundo para realizar os sonhos
de nossos pais, mas o nosso.
...Interessantíssimo!!!...
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